quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A rotina


A natural transformação social, decorrente dos efeitos da ciência aliada à tecnologia a partir do século 19, impôs que o individualismo competitivo pós renascentista cedesse lugar ao coletivismo industrial e comunitário da atualidade.

A cisão decorrente do pensamento cartesiano, na dicoto­mia do corpo e da alma, ensejou uma radical mudança nos hábitos da sociedade, dando surgimento a uma série de con­flitos que irrompem na personalidade humana e conduzem a alienações perturbadoras.

Antes, os tabus e as superstições geravam comportamen­tos extravagantes, e a falsa moral mascarava os erros que se tornavam fatores de desagregação da personalidade, a servi­ço da hipocrisia refinada.

A mudança de hábitos, no entanto, se liberou o homem de algumas fobias e mecanismos de evasão perniciosos, im­pôs outros padrões comportamentais de massificação, nos quais surgem novos ídolos e mitos devoradores, que respon­dem por equivalentes fenômenos de desequilíbrio.

Houve troca de conduta, mas não de renovação saudável na forma de encarar-se a vida e de vivê-la.

De um lado, a ciência em constante progresso, não se fa­zendo acompanhar por um correspondente desenvolvimento ético-espiritual, candidata-se a conduzir o homem ao niilis­mo, ao conceito de aniquilamento.

Noutro sentido, o contubérnio subjacente, apresenta um elenco exasperador de áreas conflitantes nas guerras e ame­aças de guerras que se sucedem, nas variações da economia, nos volumosos bolsões de miséria de vária ordem, empur­rando o homem para a ansiedade, a insegurança, a suspeição contumaz, a violência.

A fim de fugir à luta desigual — o homem contra a máqui­na — os mecanismos responsáveis pela segurança emocional levam o indivíduo, que não se encoraja ao competitivismo doentio, à acomodação, igualmente enferma, como forma de sobrevivência no báratro em que se encontra, receando ser vencido, esmagado ou consumido pela massa crescente ou pelo desespero avassalador.

Estabelece algumas poucas metas, que conquista com re­lativa facilidade, passando a uma existência rotineira e neu­rotizante, que culmina por matar-lhe o entusiasmo de viver, os estímulos para enfrentar desafios novos.

Rotina é como ferrugem na engrenagem de preciosa ma­quinaria, que a corrói e arrebenta.

Disfarçada como segurança, emperra o carro do progres­so social e automatiza a mente, que cede o campo do raciocí­nio ao mesmismo cansador, deprimente.

O homem repete a ação de ontem com igual intensidade hoje; trabalha no mesmo labor e recompõe idênticos passos; mantém as mesmas desinteressantes conversações: retorna ao lar ou busca os repetidos espairecimentos: bar, clube, tele­visão, jornal, sexo, com frenético receio da solidão, até al­cançar a aposentadoria.. – Nesse ínterim, realiza férias progra­madas, visita lugares que o desagradam, porém reúne-se a outros grupos igualmente tediosos e, quando chega ao denominado período do gozo-repouso, deixa-se arrastar pela inu­tilidade agradável, vitimado por problemas cardíacos, que resultam das pressões largamente sustentadas ou por neuro­ses que a monotonia engendra.

O homem é um mamífero biossocial, construído para experiências e iniciativas constantes, renovadoras.

A sua vida é resultado de bilhões de anos de transforma­ções celulares, sob o comando do Espírito, que elaborou equi­pamentos orgânicos e psíquicos para as respostas evolutivas que a futura perfeição lhe exige.

O trabalho constitui-lhe estímulo aos valores que lhe dor­mem latentes, aguardando despertamento, ampliação, desdo­bramento.

Deixando que esse potencial permaneça inativo por indo­lência ou rotina, a frustração emocional entorpece os sentimentos do ser ou leva-o à violência, ao crime, como processo de libertação da masmorra que ele mesmo construiu, nela encarcerando-se.

Subitamente, qual correnteza contida que arrebenta a bar­ragem, rompe os limites do habitual e dá vazão aos conflitos, aos instintos agressivos, tombando em processos alucinados de desequilíbrios e choque.

Nesse sentido, os suportes morais e espirituais contribu­em para a mudança da rotina, abrindo espaços mentais e emo­cionais para o idealismo do amor ao próximo, da solidarieda­de, dos serviços de enobrecimento humano.

O homem se deve renovar incessantemente, alterando para melhor os hábitos e atividades, motivando-se para o aprimo­ramento íntimo, com conseqüente movimentação das forças que fomentam o progresso pessoal e comunitário, a benefí­cio da sociedade em geral.

Face a esse esforço e empenho, o homem interior sobrepõe-se ao exterior, social, trabalhado pelos atavismos das re­pressões e castrações, propondo conceitos mais dignos de convivência humana, em consonância com as ambições es­pirituais que lhe passam a comandar as disposições íntimas.

O excesso de tecnologia, que aparentemente resolveria os problemas humanos, engendrou novos dramas e conflitos comportamentais, na rotina degradante, que necessitam ser reexaminados para posterior correção.

O individualismo, que deu ênfase ao enganoso conceito do homem de ferro e da mulher boneca, objeto de luxo e de inutilidade, cedeu lugar ao coletivismo consumista, sem iden­tidade, em que os valores obedecem a novos padrões de críti­ca e de aceitação para os triunfos imediatos sob os altos pre­ços da destruição do indivíduo como pessoa racional e livre.

A liberdade custa um alto preço e deve ser conquistada na grande luta que se trava no cotidiano.

Liberdade de ser e atuar, de ter respeitados os seus valo­res e opções de discernir e aplicar, considerando, naturalmente, os códigos éticos e sociais, sem a submissão acomodada e indiferente aos padrões de conveniência dos grupos domi­nantes.

A escala de interesses, apequenando o homem, brinda-o com prêmios que foram estabelecidos pelo sistema desuma­no, sem participação do indivíduo como célula viva e pen­sante do conjunto geral.

Como profilaxia e terapêutica eficaz, existem os desafios propostos por Jesus, que são de grande utilidade, induzindo a criatura a dar passos mais largos e audaciosos do que aqueles que levam na direção dos breves objetivos da existência ape­nas material.

A desenvoltura das propostas evangélicas facilita a rup­tura da rotina, dando saudável dinâmica para uma vida inte­gral em favor do homem-espírito eterno e não apenas da má­quina humana pensante a caminho do túmulo, da dissolução, do esquecimento.
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O homem integral  - Joanna de Ângelis

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

FATORES DE PERTURBAÇÃO

A segunda metade do Século 19 transcorre numa Eurásia sacudida pelas contínuas calamidades guerreiras, que se sucedem, truanescas, dizimando vidas e povos.
As admiráveis conquistas da Ciência que se apóia na Tecnologia, não logram harmonizar o homem belicoso e insatisfeito, que se deixa dominar pela vaga do materialismo-utilitarista, que o transforma num amontoado orgânico que pensa, a caminho de aniquilamento no túmulo.
Possuir, dominar e gozar por um momento, são a meta a que se atira, desarvorado.
Mal se encerra a guerra da Criméia, em 1856, e já se inquietam os
exércitos para a hecatombe franco-prussiana, cujos efeitos estouram em 1914, envolvendo o imenso continente na loucura selvagem que ameaça de consumição a tudo e a todos.
O Armistício, assinado em nome da paz, fomentou o explodir da Segunda Guerra Mundial, que sacudiu o Orbe em seus quadrantes.
Somando-se efeitos a novas causas, surge a Guerra Fria, que se expande pelo sudeste asiático em contínuos conflitos lamentáveis, em nome de ideologias alienígenas, disfarçadas de interesses nacionais, nos quais, os armamentos superados são utilizados, abrindo espaços nos depósitos para outros mais sofisticados e destrutivos…
Abrem-se chagas purulentas que aturdem o pensamento, dores inomináveis rasgam os sentimentos asselvajando os indivíduos.
O medo e o cinismo dão-se as mãos em conciliábulo irreconciliável.
A Guerra dos seis dias, entre árabes e judeus, abre sulcos profundos na economia mundial, erguendo o deus petróleo a uma condição jamais esperada.
Os holocaustos sucedem-se.
Os crimes hediondos em nome da liberdade se acumulam e os tribunais de
justiça os apóiam.
O homem é reduzido à ínfima condição no “apartheid”, nas lutas de classes, na ingestão e uso de alcoólicos e drogas alucinógenas como abismo de fuga para a loucura e o suicidio.
Movimentos filosóficos absurdos arregimentam as mentes jovens e desiludidas em nome do Nadaísmo, do Existencialismo, do Hippieísmo e de comportamentos extravagantes mais recentes, mais agressivos, mais primários, mais violentos.
O homem moderno estertora, enquanto viaja em naves superconfortáveis fora da atmosfera e dentro dela, vencendo as distâncias, interpretando os desafios e enigmas cósmicos.
A sonda investigadora penetra o âmago da vida microscópica e abre todo um universo para informações e esclarecimentos salvadores.
Há esperança para terríveis enfermidades que destruíram gerações, enquanto surgem novas doenças totalmente perturbadoras.
A perplexidade domina as paisagens humanas.
A gritante miséria econômica e o agressivo abandono social fazem das cidades hodiernas o palco para o crime, no qual a criatura vale o que conduz, perdendo os bens materiais e a vida em circunstâncias inimagináveis.
Há uma psicosfera de temor asfixiante enquanto emerge do imo do homem
a indiferença pela ordem, pelos valores éticos, pela existência corporal.
Desumaniza-se o indivíduo, entregando-se ao pavor, ou gerando-o, ou indiferente a ele.
Os distúrbios de comportamento aumentam e o despautério desgoverna.
Uma imediata, urgente reação emocional, cultural, religiosa, psicológica, surge, e o homem voltará a identificar-se consigo mesmo.
A sua identidade cósmica é o primeiro passo a dar, abrindo-se ao amor, que gera confiança, que arranca da negação e o irisa de luz, de beleza, de esperança.
A grande noite que constringe é, também, o início da alvorada que surge.
Neste homem atribulado dos nossos dias, a Divindade deposita a confiança
em favor de uma renovação para um mundo melhor e uma sociedade mais feliz.
Buscar os valores que lhe dormem soterrados no íntimo é a razão de sua existência corporal, no momento.
Encontrar-se com a vida, enfrentá-la e triunfar, eis o seu fanal.
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O homem integral -Joanna de Ângelis

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Ter e ser

O homem integral - Joanna de Ângelis

A psicologia sociológica do passado recomendava a posse como forma de segurança. A felicidade era medida em razão dos haveres acumulados, e a tranquilidade se apresentava como sendo a falta de preocupação em relação ao presente como ao futuro.
Aguardar uma velhice descansada, sem problemas financeiros, impunha-se como a grande meta a conquistar.
A escala de valores mantinha como patamar mais elevado a fortuna endinheirada, como se a vida se restringisse a negócios, à compra e venda de coisas, de favores, de posições.
Mesmo as religiões, preconizando a renúncia ao mundo e aos bens terrenos, reverenciavam os poderosos, os ricos, enquanto se adornavam de requintes, e seus templos se transformavam em verdadeiros bazares, palácios e museus frios, nos quais a solidariedade e o amor passavam desconhecidos.
A felicidade se apresentava possível, desde que se pudesse comprá-la.

Todos os programas traziam como impositivo prioritário o prestígio social decorrente da posse financeira ou do poder político.
Cunhou-se o conceito irônico de que o dinheiro não dá felicidade, porém ajuda a consegui-la. Ninguém o contesta; no entanto, ele não é tudo.
O imediatismo substituiu os valores legítimos da vida, e houve uma natural subestima pelos códigos éticos e morais, as conquistas intelectuais, as virtudes, por parecerem de somenos importância.
Não se excogitava, então, averiguar se as pessoas poderosas e possuidoras de coisas eram realmente felizes, ou se apenas fingiam sê-lo.
Não se indagava a respeito das reais ambições dos  seres, e o quanto dariam
para despojar-se de tudo, a fim de serem outrem ou fazerem  o que lhes aprazia e não o que se lhes impunham.
Embora os avanços da Psicologia profunda,  na atualidade, ainda permanecem alguns bolsões de imposição para que o homem tenha, sem a preocupação com o
que ele seja.
O prolongamento da idade infantil, em mecanismos escapistas da personalidade, faz que a existência permaneça como um jogo, e os bens, como as
pessoas, tornem-se brinquedos nas mãos dos seus possuidores.
Os homens, entretanto, não são marionetes de fácil manipulação. Cada indivíduo tem as suas próprias aspirações e metas, não podendo ser movido, pelo
prazer insano ou com bons propósitos que sejam, por outras pessoas.
Esses atavismos infantis não absorvidos pela idade adulta, impedindo o amadurecimento psicológico encarregado do discernimento, são igualmente responsáveis pela insegurança que leva o indivíduo a amontoar coisas e a cuidar do ego, em detrimento da sua identidade integral. Sem que se dê conta, desumaniza-se e passa à categoria de semideus, desvelando os caprichos infantis, irresponsáveis, que se impõem, satisfazendo as frustrações.
O amadurecimento psicológico equipa o homem de resistências contra os fatores negativos da existência, as ciladas do relacionamento social, as dificuldades do cotidiano.
A vida são todas as ocorrências, agradáveis ou não, que trabalham pelo progresso, em cuja correnteza todos navegam na busca do porto da realização.
Importante, desse modo, é manter-se o equilíbrio entre ser e exteriorizar o que se é, sem conflito comportamental, eliminando os estados de tensão resultantes da insatisfação ou do comodismo, assim, realizando-se, interior e exteriormente.
Nesta luta entre o ego artificial, arquetípico, e o eu real, eterno e evolutivo, os conteúdos ético-morais da vida têm prevalência, devendo ser incorporados à conduta que os automatiza, não mais gerando áreas psicológicas resistentes à auto-realização, e liberando-as para um estado de plenitude relativa, naturalmente, em razão da transitoriedade da existência física.
É óbvio que não fazemos a apologia da escassez ou da miséria, na busca da realização pessoal. Tampouco, propomos o desdém à posse, levando a mente a ilhas onde se homiziam o despeito e a falsa auto-suficiência.
A posse é uma necessidade para atender objetivos próprios, que não são únicos nem exclusivos. Os recursos amoedados, o poder político ou social são mecanismos de progresso, de satisfação, enquanto conduzidos pelo homem, qual locomotiva a movimentar os canos que se lhe submetem. Quando se inverte a situação, o iminente desastre está à vista.
Os recursos são para o homem utilizá-los, ao invés deste se lhes tornar servil, arrastado pelos famanazes dos interesses subalternos que, de auxiliares da pessoa de destaque, passam à condição de controladores das circunstâncias, aprisionando nas suas hábeis manobras aquele que parece conduzi-las…
Não é a posse que o envilece. Ela faculta-lhe o desabrochar dos valores inatos à personalidade, e os recalques, os conflitos em predominância assomam,
prevalecendo-lhe no comportamento.
Eis aí a importância do amadurecimento psicológico do indivíduo, que lhe proporciona os meios de gerir os recursos, sem se lhes submeter aos impositivos.
Quando se tem a sabedoria de administrar os valores de qualquer natureza, a benefício da vida e da coletividade, não apenas se possui, sobretudo se se é livre,
nunca possuído pelas enganosas engrenagens dos metais preciosos, dos títulos de negociação, dos documentos de consagração e propriedade, todos, afinal, perecíveis, que mudam de mão, que são fáceis de perder-se, destruir-se, queimar-se…
A integridade e a segurança defluem do que se é, jamais do que se tem.

CUIDAR DO CORPO E DO ESPÍRITO


Todos os sábios e grandes mestres da humanidade concordam em afirmar que a verdadeira felicidade do homem aqui na terra, consiste em amar ao próximo como a si mesmo ou então fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem. Algumas pessoas, no entanto talvez num ato de heroísmo, tentam amar ao próximo e se esquecem de si mesmos o que não deixa de ser uma atitude anti-natural. Quando Jesus nos aconselhou a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, nos ensinou a utilização da fraternidade aplicada, pois se jamais queremos o mal para nós, igualmente não os desejamos aos outros.


Portanto, jamais poderemos amar a Deus se não amarmos ao próximo e também a nós mesmos. Muitas vezes equivocadamente pensamos que amar a nós mesmos é uma forma de egoísmo. Amar-nos é fundamental para nossa evolução, pois se não gostamos de nós, como esperar que outros possam gostar? O homem integral harmonizado com as forças cósmicas e divinas deve ser alma, mente, sentimento e corpo.


O homem moderno deve tentar dentro do possível, manter sua forma física, pois o corpo é o templo do espírito. A boa forma física é fundamental para que nos sintamos melhor ajudando o retardamento e deterioração de nosso corpo físico. Se quisermos, não precisamos gastar um minuto sequer na manutenção de nossa forma física com academias, ginásticas e massagens, pois andar, correr, nadar ou pular corda podem ser exercícios muito saudáveis e que todos sabem praticar.

Os exercícios são tranqüilizantes e antidepressivos naturais e combatem as doenças cardíacas, a hipertensão, artrites, osteoporoses, problemas respiratórios, obesidades e outros males. Outro cuidado que temos que ter são com nossos alimentos e com a quantidade com que os ingerimos. A gula desequilibrada tem levado muita gente mais cedo para o mundo espiritual. Quantas doenças provocamos com o destempero de nossa alimentação muito rica em açúcar, gorduras saturadas e outros venenos como balas, chocolates refrigerantes e anilinas?

Mastigar bem os alimentos, comendo com equilíbrio e devagar é necessário para uma boa digestão. Ghandi nos aconselhava a: “mastigar os líquidos e beber os sólidos.” O uso excessivo de carnes vermelhas e o abuso de bebidas alcoólicas não é nada saudável para o homem. No livro dos Provérbios está escrito: “Não estejais entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne.”( Pv. 23:20)


É preciso entendermos que tanto a enfermidade quanto a saúde se originam da mente, das emoções e dos sentimentos. O mal viver, o mal sentir e o mal pensar, podem nos levar a quadros mórbidos dolorosos. Somos o que pensamos. Se insistimos em pensar no mal, na dor ou na doença atrairemos todos esses males.


Procuremos viver mais em consonância com os ensinos evangélicos, pois quanto mais nos entregamos às coisas de Deus, tudo mais, inclusive a saúde, nos será dado de acréscimo. Nada portanto, será mais saudável para nosso corpo e mente que a luta que temos de realizar em nosso íntimo para a superação de nossos erros e dificuldades.



Sergito de Souza Cavalcanti

sábado, 16 de janeiro de 2016

TERAPIA DO AUTOCONHECIMENTO


Silencia as ansiedades do sentimento e acalma os tormentos, reflexionando em torno das tuas reais necessidades. Aprofunda a auto-análise e tem a coragem de te desnudares perante a própria consciência.

Enumera as tuas mais graves emoções perturbadoras e raciocina sobre a sua vigência no teu comportamento.

Enfrenta-as, uma a uma, não as justificando, nem as escamoteando sob o desculpismo habitual.

Resolve-te por sanar a situação aflitiva dos teus dias, optando pela aquisição da saúde.

Consciente de que és o que fizeste de ti, e poderás ser o que venhas a fazer de ti próprio, não postergues a decisão do auto-encontro.

Enquanto a anestesia da mentira te obnubile o raciocínio, transitarás de um para outro problema, sem que consigas a paz real.

Reunirás valores de fora, que perdem o significado, logo são conseguidos, anelando pelo bem-estar fugidio, que se te anuncia e logo desaparece.

O homem que se conhece possui um tesouro no coração.

O discernimento que o caracteriza é a sua luz acesa no imo, apontando-lhe rumo.

Conhecendo a fragilidade da veste carnal, valoriza cada hora e aplica-a bem, vivendo-a intensamente, em cujo comportamento recolherás os melhores frutos.

Cada vez que te resolvas por te autodescobrires, conduze uma proposta de libertação.

Começa pelos vícios sociais da mentira, da maledicência, da calúnia, do pessimismo, da suspeita, passando aos dramas do comportamento, na inveja, no ciúme, no ressentimento, no rancor, no ódio... Posteriormente, elabora as medidas educativas às dependências aos alcoólicos, ao tabagismo, às drogas alucinógenas, à luxúria, aos distúrbios da conduta e às investidas das alucinações psicológicas...

Cada passo ser-te-á uma conquista nova.

Toda vitória, por pequena que se te apresente, significará um avanço.

Como os condicionamentos são a segunda natureza, em a natureza humana, gerarás hábitos salutares, que te plenificarão em forma de equilíbrio e paz.

Toda terapia eficiente impõe disciplinas saudáveis, às vezes ásperas, cujos resultados chegam, à medida que são utilizadas.

Na do autodescobrimento, a coragem e o interesse pela própria realização facultarão as forças para que não desistas no tentame, nem te entregues à acomodação mental que te informa ser impossível executá-la.

Começa-a hoje e agora, aguardando que o tempo realize, na cura, o ciclo que investiste para que se te instalassem os distúrbios.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Livro: Momentos de Iluminação

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

CASTIGO OU ESCOLHA?


A grande maioria dos homens desconhece a si próprio.

Julga e culpa os demais, por tudo o que lhes acontece.

Nem Deus se livra dos vis julgamentos.

É comum os que são orgulhosos atribuírem à fatalidade e a Deus, as desditas que lhes sobrevêm na vida.

Mas, o mais certo seria se todos os que sofrem desgostos e dificuldades, vasculhassem os próprios atos.

Possivelmente encontrariam aí a causa das muitas desditas que os ferem.

Nem haveria necessidade de remontar a existências passadas para explicar o sofrimento atual.

* * *

Onofre contava com apenas dezessete anos, quando engravidou Marlene.

Quando soube que seria pai, simplesmente deixou a cidade para não voltar mais.

Dona Dora, sua mãe, que era doente e dependia de sua ajuda para sobreviver, ficou ao desamparo.

Passados alguns anos, ele pensou em construir seu lar. Casou-se, mas não teve a ventura de ser pai.

Onofre se fazia de vítima, culpava a companheira pela sua infelicidade.

Começou a beber, de desgosto, dizia.

Com o tempo deixou de voltar para o lar. Vivia na rua.

A esposa optou por mudar de cidade, dedicar-se a uma atividade profissional e cuidar da própria vida.

Vinte anos se passaram.

Recolhido a um asilo de idosos, Onofre, enfermo, continuava reclamando da sorte.

Deus não me ama. Deus me despreza.

E enumerava o que dizia serem as suas desgraças: Deus não lhe permitira ser pai. Se tivesse um filho, ele o atenderia na sua velhice e enfermidade.

Não tinha mãe, nem mulher, nem amigos com quem contar.

Estava abandonado e desprezado por todos.

O que estou passando é a pior fatalidade para um homem. – Dizia. - Deve ser castigo divino. Deus está me punindo por algo que fiz em uma outra vida. Devo ter errado muito num passado distante.

* * *

A nossa estadia na Terra é um sagrado presente que Deus nos concede, para crescermos em sabedoria e amor.

Por essa razão, a vida é uma grande escola, na qual somos matriculados ao nascer e onde todas as ocorrências que nos surgem são lições indispensáveis para nosso crescimento.

Portanto, se tudo na vida nos põe à frente de uma lição, de uma prova, ou de uma expiação, é preciso concluir que toda lição útil precisa ser experienciada devidamente, reprisada, até aprendermos.

Dessa forma, as provas servem para testificar se realmente assimilamos a lição.

A expiação representa a repetição da lição para correção da tarefa equivocada ou mal executada.

Como um aluno no colégio, se assimilamos o conteúdo do ano letivo, passamos para o ciclo seguinte.

Se não aprendemos, reprovamos.

Frente à vida, todo o compromisso que provocamos é responsabilidade nossa.

Todo abandono cometido, com aqueles que confiaram em nós, é débito espalhado.

Todo vício praticado é prejuízo que causamos a nós mesmos.

Toda vitimização que encenamos é atraso na caminhada.

Deus nos dá o livre-arbítrio para escolhermos o que desejamos.

Nossa consciência é quem nos ajuiza.

E, de nossas vidas, somos nós os construtores.

Por tudo isso, saibamos valorizar as oportunidades.

Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Perdão e Vida



Perdão é requisito essencial no erguimento da libertação e da paz.

Habituamo-nos a pensar que Jesus nos teria impulsionado a desculpar “setenta vezes sete vezes” unicamente nos casos de ofensa à dignidade pessoal ou nas ocorrências do delito culposo, entretanto, o apelo do Evangelho nos alcança em áreas muito mais extensas da vida.

Se somarmos as inquietações e sofrimentos que infligimos a nós mesmos por não perdoarmos aos entes amados pelo fato de não serem eles as pessoas que imaginávamos ou desejávamos fossem, surpreenderemos conosco volumosa carga de ressentimento que nada mais é senão peso morto, a impelir-nos para o fogo inútil do desespero.

Isso ocorre em todas as posições da vida.

Esquecemo-nos de que nenhum ser existe imobilizado, que todos experimentamos alterações no curso do tempo e não relevamos facilmente os amigos que se modificam, sem refletir que também nós estamos a modificar-nos diante deles.

Casamento, companheirismo, equipe, agrupamento e sociedade são instituições nas quais é forçoso que o verbo amar seja conjugado todos os dias.

Na Terra, esposamos alguém e verificamos, muitas vezes, que esse alguém não é a criatura que aguardávamos; entregamo-nos a determinados amigos e observamos que não correspondem ao retrato espiritual que fazíamos deles; ou abraçamos parentes e colegas para a execução de certos empreendimentos e notamos, por fim, que não Se harmonizam Com Os nossos planos de trabalho e passamos a sofrer ela incapacidade de tolerar as condições e pelas realidades que lhes são próprias.

Reflitamos, no entanto, que os outros se alteram à nossa frente, quase sempre na medida em que nos alteramos para com eles.

Necessário compreender que se todos somos capazes de auxiliar a alguém, ninguém, pode mudar ninguém, através de atitudes compulsórias, porquanto cada criatura é uma criação original do Criador.

Aceitemos quantos convivam conosco, tais quais são, reconhecendo que para manter a bênção do amor, entre nós, não nos compete exigir a sublimação alheia e sim trabalhar incessantemente e quanto nos seja possível pela própria sublimação.

Livro: Indulgência - Emmanuel - Psicografia de Francisco Cândido Xavier

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Reencarnação


Sem a chave da reencarnação, a vida inteira reduzir-se-ia a escuro labirinto.
De existência a existência, no mundo, nossa individualidade imperecível sofre o desgaste da imperfeição, assim como o aprendiz, de curso a curso, na escola, perde o fardo da ignorância.
Compreendendo semelhante verdade, saibamos valorizar o tempo, no espaço terrestre, realizando integral aproveitamento da oportunidade que o Senhor nos concede, entre as criaturas, acumulando em nós as riquezas do Conhecimento Superior e os tesouros da sublimação pelo aprimoramento de nossas qualidades morais.
Lembremo-nos de que nunca iludiremos a vigilância da Lei.
Na Terra, a organização judiciária corrige tão somente os erros espetaculares, expressos nos crimes ou nos desregramentos que compelem os missionários da ordem a drásticas atitudes, segregando a delinqüência na penitenciária ou no hospital, derradeiros limites do desequilíbrio a que se acolhem os trânsfugas sociais.
Todavia, é imperioso reconhecer que todas as nossas falhas são registradas em nós mesmos, constrangendo a Justiça Eterna a providências de reajuste em nosso favor, no instituto universal da reencarnação, que dispõe de infinitos recursos para o trabalho regenerativo.
De mil modos, ilaqueamos no corpo físico a atenção dos juízes humanos, nos delitos ocultos, exercitando a perversidade com inteligência, oprimindo os outros mm suposta humildade, ferindo o próximo com virtudes fictícias, estragando o equipamento corpóreo sem qualquer consideração para com os empréstimos divinos e, sobretudo, explorando os irmãos de luta com manifesto abuso de nossos poderes intelectuais...
No entanto, por isso mesmo também, renascemos sob doloroso regime de sanções, dilacerados por nós mesmos, nas possibilidades que outrora desfrutávamos e que passam a sofrer frustrações aflitivas.
Moléstias do corpo e impedimentos do sangue, mutilações e defeitos, inquietações e deformidades, fobias complexas e deficiências inúmeras constituem pontos de corrigenda do nosso passado que hoje nos restauram à frente do futuro.
Cultivemos, desse modo, o coração nobre no vaso da consciência reta para que a planta de nossa vida se levante para o Hálito de Deus, porquanto basta a boa vontade na sementeira do amor que o Mestre nos legou para que a multidão de nossos débitos seja coberta e esquecida pela Divina Misericórdia, possibilitando o soerguimento de nosso espírito, até agora arrojado ao lodo de velhos compromissos com a sombra, na subida vitoriosa para a Luz Imortal.
Livro: Indulgência - Emmanuel - Psicografia de Francisco Cândido Xavier.